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segunda-feira, 19 de março de 2012

Rubens Jardim menciona Beatriz Bajo em entrevista

o meu queridão Rubens Jardim gentilmente menciona-me na entrevista feita por Wladyr Nader (jornalista,   professor da PUC e fundador da revista literária Escrita - 1975 a 1989) em Escritablog , falando sobre a série AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA.

fragmento (a entrevista integral com os poemas destacados estão no blogue, link acima):

Escritablog ─ Por que você resolveu dedicar-se a fazer “As Mulheres Poetas do Brasil”? Quando foi isso?
Rubens Jardim ─ Puro acidente. Essas coisas surgem assim, inesperadamente. Há muito tempo, em 1973, publiquei Jorge,80 Anos e organizei o “Ano Jorge de Lima”. E fiz isso porque sentia falta da presença do poeta nas livrarias e na mídia. Naquela época, existiam apenas algumas antologias de poemas do Jorge de Lima. E elas enfocavam mais a fase regional e a poesia negra. E eu queria fazer uma cruzada em favor daquilo que nomeei como a fase branca da sua poesia: a partir do livro “Tempo e Eternidade”, culminando em “Invenção de Orfeu”. Pois bem: desta vez ocorreu algo semelhante. As nossas mulheres poetas também estavam a merecer um trabalho de recuperação e de divulgação. Até porque famosos historiadores da nossa literatura registraram poucos nomes femininos.
Comecei a mexer com isso em maio do ano passado. E só posso reconhecer que esse tipo de esforço e de trabalho é uma espécie de vício da minha personalidade. Nos anos 60, mais precisamente a partir de 64, depois do golpe militar, Lindolf Bell iniciou a “Catequese Poética”, com o objetivo de levar o poema e o poeta a todos os lugares possíveis. E já em 65 eu estava nesse movimento, que buscava ampliar o contato e o contágio do poema e do poético. Continuo a fazer isso. Acho que a poesia é a minha cachaça. 

Escritablog ─ Qual exatamente seu ponto de partida? Sabemos pelo trabalho apresentado que mesmo autoras anteriores ao século 20 lhe agradam. Vê qualidades reais nelas ou servem apenas como referências?
RJ ─ Sou muito impulsivo. Quando surge uma ideia, não sei nem se boa ou ruim, costumo correr atrás e tentar colocá-la em prática. Nunca fui e nem sou um teórico em coisa nenhuma. Sou um autodidata e minhas avaliações são sempre empíricas, atabalhoadas e imediatas. Não tenho muita paciência em cozinhar o galo. E, embora já tenha lido tanta coisa relacionada ao fenômeno poético, continuo sendo uma pessoa articulada pelo pensamento nietzschiano. Sabe aquela frase em que ele diz que é preciso ter um caos dentro de si para dar a luz uma estrela cintilante. Pois é: ainda acredito nisso. E foi através desse meu jeito que comecei a trabalhar com as mulheres poetas. Tive boas surpresas, tanto lá atrás quanto agora.

Escritablog ─ Desculpe-nos mas, em sua opinião, qual a maior poetisa brasileira? Não ignoramos que você também prefere poeta, aliás, as autoras justificam e repetem sempre isso. Mas a maioria dos leitores o desconhece, não?
RJ ─ Embora seja meio avesso a todo tipo de listas dos melhores, sinto que a Cecília Meireles é a nossa maior poeta. Mas essa é uma opinião pessoal, baseada em minhas experiências de leitura, minhas vivências, minha visão de mundo, minhas afinidades eletivas. Não tenho instrumentos metodológicos, nem condições de fazer comparações mais abrangentes.

Escritablog ─ Como você trabalha? Qual é o tempo que dedica ao site/blog? E como acessá-lo?
RJ ─ Tenho pouco tempo disponível, pois ainda estou na ativa e trabalho, como produtor gráfico, em uma editora de revistas. Mas em geral fico mexendo nessas coisas na parte da manhã e no final da noite. O endereço do site é WWW.rubensjardim.com .

Escritablog ─ Seu trabalho tem algum apoio institucional ou mesmo particular?
RJ ─ Não busquei apoio, pois jamais consegui vender nada. Mesmo meu último livro, “Cantares da Paixão”, publicado em 2008, vende muito pouco. Mas já estou habituado a isso e ao dogma de que poesia não vende. A única possibilidade de reversão desse quadro é a abertura de espaço na TV. Infelizmente, um dos raros espaços abertos aos autores, o programa “Entrelinhas”, foi retirado da grade de programação da TV Cultura.

Escritablog ─ A publicação de um livro com todo o material levantado não seria mais adequada? Você o tem em mente ou já publicou algo nesse sentido?
RJ ─ Alguns amigos, poetas, já me fizeram essa sugestão. Mas, como sou péssimo nesse negócio de vender qualquer coisa, prefiro me dedicar a conquistar leitores através do site.

Escritablog ─ Qual o retorno do público leitor em termos de números ou, se preferir, acessos?
RJ ─ Em linhas gerais, após alguns anos de exposição na internet, o site vem obtendo um retorno bastante significativo. Pelo menos, para minhas modestas pretensões. Em média, venho recebendo cerca de 200 a 300 visitas diárias.

Escritablog ─ Qual das autoras mais recentes, digamos dos anos 80 para cá, que mais o encanta ou, simplesmente, a que mais faz seu gênero?
RJ ─ Na verdade o que faz meu gênero são os bons poemas, aqueles que trazem irradiações semânticas. Que revelam e desvelam. Ou como já disse a poeta mineira Maria Esther Maciel, quando a palavra é retirada de seu estado de epitáfio. E, quanto a isso, não tenho preconceitos. Posso apreciar tanto trabalhos que valorizam mais a materialidade da palavra, como outros em que a dimensão está mais fundada na tradição do discurso poético.

Escritablog ─ A ideia, desde o começo, foi mesmo fazer um levantamento completo da poesia feminina, como dá a entender por seu trabalho?
RJ ­─ A intenção inicial era essa, é claro. Mas, aos poucos, fui percebendo que essa tarefa não estava ao meu alcance. Confesso, inclusive, ter procurado corrigir algumas distorções, cometidas no início da série. Uma delas, para facilitar a vida dos leitores, foi agrupar as poetas por data de nascimento.

Escritablog ─ Quais os próximos nomes que tem em vista?
RJ ─ Estou publicando poetas nascidas nos anos 50: Viviane Mosé, Márcia Maranhão, Carmem Silvia Presotto,etc. Depois, vou trazer as nascidas nos anos 60: Claudia Roquette Pinto, Christina Ramalho, Rosane Carneiro. Nos anos 70, Virna Teixeira, Isis Moraes etc. Nos 80, Beatriz Bajo, Mariana Botelho, Bruna Beber etc.

Escritablog ─ Que poemas mais o impressionaram ou ainda impressionam?
RJ ─ “As Elegias de Duino”, de Rilke, e “Invenção de Orfeu”, de Jorge de Lima. Junto deles, poemas do Pessoa, T.S. Eliot, Holderlin, Pound, Drummond, Bandeira, Gullar etc.

Escritablog ─ Por que é tão difícil vender livros de poesia no Brasil ou isso é incorreto?
RJ ─ É absolutamente correto: é muito difícil vender poesia. Principalmente quando não são utilizados os meios e as estratégias de comunicação e marketing. Dou um exemplo singelo de como solucionar essa questão. Um amigo, o poeta Eduardo Alves da Costa, teve trecho de poema lido por um personagem de novela da Globo. Resultado: a editora pediu autorização para fazer mais uma edição do seu livro.

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